Cambio

Um banco. Uma fila. Muita gente na fila. Muito estranho para um dia 28. Oito pessoas. Sete com celulares em punho. O “um” funcionário para o atendimento da oitava pessoa – primeira da fila – pára e solicita aos demais que parem de mexer em seus celulares. Cinco obedecem, um não entende e outra ignora. O funcionário tenta achar a regra impressa enquanto explica para o inconformado. A indiferente segue movendo dedos velozmente. Os cinco se entreolham confundidos das próprias expressões faciais. Não sabem se riem, se ficam putos, se olham para a indiferente ou se acalmam o inconformado. O funcionário vai até a indiferente, que toma um susto. Aumenta o tom de voz, os demais se viram, o inconformado toma as dores, o que estava sendo atendido não acredita. O inconformado está claramente revoltado, mas não mais que o que está sendo atendido. Dois seguranças se aproximam. A indiferente se afasta e continua mexendo no celular. O desconforto ganha volume, dois tentam se aproveitar da confusão para ganhar um lugar na fila. Outros três do caixa eletrônico se envolvem e o funcionário agita os papéis com as regras. Ouve-se um tiro. Depois outro. E mais outro. O funcionário joga os papéis pra cima. Os papéis se tingem de vermelho. A indiferente sai do banco. O dólar sobe mais 10 centavos. Fim da fila. Cambio.

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